O tear é um instrumento tão antigo que sua origem perde-se no tempo. Das histórias das mulheres tecedeiras, da tecelagem de cestarias e objetos indígenas, dos tapetes orientais, do trabalho de comunidades tradicionais, o tear continua atual, sendo hoje não apenas o trabalho e a fonte de renda para muitas pessoas, mas também o resgate da arte de tecer com as mãos, uma forma de arte terapia natural, expressando toda a força de sua história e de sua profunda ligação com a natureza, e naturalmente com a essência de cada ser.





sábado, 8 de maio de 2010

NASCIMENTO DO TEAR II

Continuando nossa história...

No final do período Paleolítico Superior, o planeta passou por intensas mudanças climáticas, com o degelo das geleiras e extinção dos gigantescos animais. Essas mudanças possibilitaram ao ser humano o desenvolvimento uma nova forma de viver. Assim, no período Neolítico, os agrupamentos humanos começaram a se fixar em regiões, deixando de ser nômades para começarem a desenvolver estruturas sociais, políticas e econômicas mais complexas, passando a formação de aldeias, a maior organização quanto à liderança das mesmas, ao agrupamento familiar, ao desenvolvimento da agricultura, à domesticação de animais, à divisão de tarefas entre homens e mulheres, à produção de artesanato (cerâmica e cestarias) e à utilização de vestimentas de lã, linho e algodão, bem mais leves que as peles de animais.

Segundo as pesquisas que realizei, a tecelagem nasceu através das cestarias, arte que iniciou seu processo ainda no período Paleolítico, se aperfeiçoando no período Neolítico. Ela era realizada “trançando talos, cipós e outros vegetais.” Desta forma, “o tear foi inventado há mais ou menos 6.000 anos permitindo ao homem aplicar as técnicas aprendidas com a cestaria ao usar as fibras flexíveis como o algodão, o linho, a lã e a seda. Exceto a seda, todas as outras fibras deviam primeiro ser fiadas. Assim o homem, esticando estes fios, amarrados entre uma árvore e o próprio corpo, alternando a trama, improvisou o tear.” (http://metodologiasufrjmar.wordpress.com/2009/08/27/tear-a-evolucao-dos-fios-e-a-industria-rosana-andreia-rosania-nunes-e-marcia-paz/).
Observo, ainda nesse período de transição, a proximidade do tear com a natureza, se nos lembramos que a técnica da cestaria nasceu da observação que o ser humano realizou dos ninhos de pássaros e teias de aranha. Esse é seu nascimento, a evolução do tear junto com o desenvolvimento do ser humano, é seu crescimento, mas sua mãe é a natureza.

Para aprofundar a compreensão desse nascimento do fiar e do tecer no período Neolítico e compreender sua própria evolução, vamos estudar um pouco sobre o que os historiadores chamam de Revolução Neolítica ou Revolução Agrária. Como já escrevi acima, a fixação em aldeias, o desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais foram um grande avanço na organização desses povos. Assim, as famílias educavam seus filhos, eram camponeses, agricultores, criadores de animais. Com mais tempo para se relacionarem socialmente, foi surgindo o lazer e com ele, a arte, principalmente a cerâmica, que passou a ser comercializada. A base do comécio era a troca e o dinheiro eram sementes. Uma aldeia que produzisse mais que o necessário, trocava a produção em “excesso por peças de artesanato, roupas e outros utensílios com outras aldeias.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Neol%C3%ADtico).

Surgem, também, neste período, as primeiras religiões ligadas à natureza, em que os rituais religiosos são relacionados aos ciclos da natureza, ao cultivo da terra, à observação de forças que regem a natureza. É o período dos monumentos megalíticos, e um exemplo destas construções “é o Santuário de Stonehenge, na Inglaterra, uma das primeiras obras arquitetônicas da história – um imenso círculo de pedras, com dois outros círculos interiores a ele, voltado para o ponto onde nasce o sol no solstício de verão. Provavelmente era um local onde se cultuava o sol”. (http://www.infoescola.com/artes/arte-no-neolitico/).

Nesse contexto de evolução da humanidade, a fiação e o tear também foram se aperfeiçoando. Com o desenvolvimento da fiação, novos fios foram sendo produzidos, mais finos, delicados, sendo trabalhados no tear para a confecção de roupas mais leves, tecidas com fios de algodão, lã e linho, que eram mais adequadas ao trabalho, facilitavam a locomoção e eram mais confortáveis, já que agora já não vivam na Era Glacial e o clima estava mais ameno.

Nesse período a arte da tecelagem desenvolve-se, também, com a produção de peças com parâmetros geométricos, com formas mais abstratas. Observo nesse momento, o nascimento do princípio da padronagem.

O Neolítico, pelo fato de ter sido o último período pré-histórico, terminou com o surgimento da escrita. A transição do Neolítico para a Idade dos Metais (Idade do Bronze e Idade do Ferro) caracterizou a transição da Pré-História para a História. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Neol%C3%ADtico).

Assim termina a história sobre o nascimento do tear, sua história mais antiga. Espero que tenham gostado.
Logo trarei mais histórias sobre o tear, agora num tempo mais próximo.